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segunda-feira, outubro 31, 2005

O Mãozinhas

O meu vizinho de baixo é obsessivo. Como fumo sempre à janela aprecio-o cá de cima. O ritual de estacionar o carro, sempre no mesmo lugar, abrir e fechar as várias portas, para simples verificação geral.

Vazar a sacaria do porta bagagens. O meu vizinho de baixo é médico. Vem sempre carregado de ofertas e divirto-me a imaginar o que os pacientes e os laboratórios lhe oferecem.

O Mãozinhas, como o alcunhei e ficou, candidamente, à cerca de trezentos anos atrás, comprou duas fracções e tentou exercer clínica numa delas. Foi vetado numa qualquer assembleia de condóminos.

Não o conheci nessa altura mas correlaciono sempre essa história com os seus lamurios, os pagamentos, porque o Mãozinhas acabou por ficar com as putas das duas fracções num bairro triste, onde já ninguém vive, a não ser de passagem...

As coisas que já vi o Mãozinhas fazer lá em baixo cá de cima!

Já o vi, depois dos rituais habituais, sacar de uma garrafita de 0,33 de água e com a ajuda de lenços lavar o carro (Este homem ignora as figuras que proporciona aos vizinhos fumadores!) e isto muito antes da seca!

A última, ri tanto nesse dia, o tipo tornou-se refinado e usa agora um toalhete, unzinho, e lava o carro, assim, obsessivamente, às vezes até olho para o relógio da cozinha, para calcular, porque é impressionante o tempo útil que os obsessivos desperdiçam...





P.S. O Mãozinhas tem um tique: morder os lábios, superior e inferior, o que me leva a imaginá-lo em outros actos. Mas isto é a minha parte porca a falar...




Um destes dias conto-vos a estória do Matos Manhoso... O meu bairro é um manancial para colecções, de cromos...

sexta-feira, outubro 28, 2005

Mercedes e Clarisse

Pouco depois de Mercedes nascer houve um sismo na zona norte de Lisboa. O bebé foi embrulhado num lençol e trazido para a rua pela irmã Clarisse, de pouco mais de nove anos de idade.
Mercedes soube pela mãe o que aconteceu naquela noite, alguns anos mais tarde. Um dia perguntou-lhe “porque é que a mana não gosta de mim como das outras crianças?”, a casa sempre cheia de crianças que ela tratava como se fossem suas, a mãe paciente contou-lhe a afeição, a ternura e doçura com que Clarisse sempre a tratou, de como cuidou dela na convalescença da sua cesariana, dizia “deixa mãe, deixa-te estar, eu trato da mana...

Mercedes quase não acreditava que Clarisse a amara e pudera alguma vez demonstrar esse amor. Só lembrava o silêncio da irmã e a quase idolatria que sentia por ela. Recordava o seu amor pelas palavras e como ela sempre lhe explicava o seu significado. Ficava fascinada com o seu saber enciclopédico. De como vestia às escondidas as suas roupas que Clarisse proibira determinantemente. Como gostava da música que ela ouvia, principalmente Sérgio Godinho.


Depois a vida cuidou de as afastar mais ainda. Chegaram à idade adulta sem se conhecerem, nem manifestamente querendo. Cheias de medo de olhar nos olhos uma da outra e ver o mesmo: o amor que sentem, o silêncio do que não se diz...

Uma vez Mercedes arrastou a irmã e a mãe para uma sessão de terapia familiar. Vomitou durante uma hora palavras caladas, esquecidas, cheias de teias de aranha. Estava a entrar nos trinta e a vida de pernas para o ar. Tinha acabado de engravidar. Não tornaram. A mãe e irmã choraram, debateram-se e recusaram-se a voltar.

Quando o filho de Mercedes nasceu, não teve ajuda de ninguém, excepto do marido. Os dois primaros tiveram que se desembaraçar sozinhos com aquele recém-nascido minúsculo, que nem três quilos pesava.

O afastamento foi inevitável, deixaram de ser a família que nunca foram, mas que Mercedes sempre aspirou, para se reunirem apenas no Natal, comer o bacalhau e trocar presentes.

Mercedes faz quarenta anos nesse dia. O filho com dez anos está na escola, frequenta o quarto ano do ensino básico. Clarisse fará cinquenta daqui a dois dias e a mãe convidou toda a família para uma feijoada. Mercedes aceita, muito satisfeita. Irá conhecer o novo namorado da sobrinha Caetana, que se divorciou há dois anos. Ainda não tem trinta anos e já vive o terceiro divórcio, diz que continua a acreditar no amor e no casamento.



Há muito tempo que não se juntam. Falam esporadicamente ao telefone e já nem o Natal os reúne. Por nenhuma razão especial, nenhuma zanga, nada. Mercedes não conseguia explicar aquele desprendimento familiar.

Mas porquê então aquela lembrança recorrente: os domingos de manhã, na cama grande da mãe, as três a brincar, a conversar, Mercedes pedia: “mãe, conta de novo aquela história da Clarisse, quando andava nas freiras e fez aquilo à madre...”. Não se cansava de as ouvir. A mãe contava sempre tantas diabruras de Clarisse. Mercedes sempre foi mais obediente. Não era teimosa e cumpria calada as ordens da mãe.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Paizinho, vai pedir ao pai natal...

- Queres ler a “Selva”, do Ferreira Castro? (Pode ser que sim!)... Para o ajudares!
- Leio o Mogli com ele.
- É?
- Claro, quero apoiar!

Sem título

São algumas mãos.
São mãos que se tocam, mãos que existem e não podem ver mãos.
Mãos que chamam mãos, que querem tocar mãos.
A mão que espera.
A mão mole.
A mão firme.
A mão que aperta!

O teu cheiro

Às vezes cheiras às vezes não. Quando cheiras a ti eu gosto. Quando juntas muitos cheiros ao teu eu não gosto muito porque não me cheira a ti! Gosto alguma coisa, mas não muito! Não muita coisa, alguma. Gosto de lavar os dentes pela manhã e sentir o cheiro da tua barba feita na minha casa de banho. É o cheiro que trinco à noite, no teu rosto, com ela a crescer inexoravelmente...




Amanhã recomeçamos

tudo
de
novo!

Síndrome Maria de Medeiros e Joaquim de Almeida, fase aguda

- Estás a fazer postes de encomenda?
- Quase!
- Achas bem?
- Apetece-me...
- Achas?
- Vai à merda!
- Vai tu!

quarta-feira, outubro 26, 2005

O magnetismo que se desprende de mim...

Os meus cartões visa electron desmagnetizam-se voluntariamente, só com a minha presença!

Artigo único:

1º O poste anterior era dedicado ao doido-feliz.blogspot.com e eu fui um bocado infeliz em esquecer-me de o mencionar;

terça-feira, outubro 25, 2005

Bom dia, pela manhã!

Gosto de nevoeiro.
Gosto de acordar cedo. Gosto de deitar tarde.
Gosto do dia mas prefiro a noite.
Gosto de gostar.

Bom dia a todos!

segunda-feira, outubro 24, 2005

E assim foi...

No sábado depois da manhã com a prima Ana Pêra e do almoço em casa da avó Fáma fui para casa desligar, deslocar, ligar e verificar computadores. Limpeza de ficheiros, blá,blá,blá… Limpeza de casa, por roupa a lavar, etc…

No domingo o Mocho Pêra foi para a alcateia e nós fomos ver a Cate, a minha afilhadinha de um mês. Está uma delícia, apetece dar uma trinca!

Depois fomos buscar o Mocho e almoçamos. Pedi autorização ao resto do clã para uma sestinha (tenho o vicio da sesta, sou eu e um antigo PR) de meia hora. E eles como adoram mamar filmes de acção se eu não os contrariar com outro tipo de acção: “vai Choninha, depois acordo-te”, diz Vítor Pêra.

(E para ali ficam a matar neurónios com aqueles filmes: “lê-me as legendas, por favor!”, pedia exigindo o Pêra mais novo ao mais velho!)

Deixaram-me descansar, os lindinhos, mais de uma hora!

Ao fim da tarde fomos jantar a casa da minha amiga A., a minha irmã do meio. A A. Vive sozinha com o filho. O marido o J. está a trabalhar e a estudar fora do país.
Sentamos o Vítor Pêra no sofá, com uma mantinha de lã a ver o SCP. Os meninos na brincadeira, envolvidos em missões complicadíssimas para salvar a humanidade de um qualquer perigo eminente. Ficamos ali docemente a por a conversa online, enquanto a lasanha vegetariana crepitava no forno.

Sabe tão bem acabar o fim-de-semana rodeados de gente que se ama! Conversar e rir. Cantar Sérgio Godinho com as crianças. Ouvi-los cantar Dzert, a banda dos morangos com açúcar. O filho da A. a puxar as cordas da guitarra. O Martim Pêra com a pandeireta. E põe-te em guarda Rita põe-te em guarda…

sexta-feira, outubro 21, 2005

Fragmentação de um desvio

(Tive de sacar isto do computador do Martim Pêra, que vai haver inovação tecnológica cá em casa e o dito cujo vai para a reciclagem. É de 2003, um ano complicado, com a doença de T., que infelizmente teve o desfecho preconizado pelos médicos. Nunca o esqueceremos! Digo isto para enquadrar o tom depressivo e lamuriento.)





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O dia hoje está com cara de ontem, com um sabor conhecido, com um cheiro familiar.Zangado com a primavera chorou de mágoa, ao acordar.

A introspecção deu lugar à bonança e as nuvens comezinhas foram-se afastando, caladas, algumas chegaram mesmo a desaparecer...

O dia hoje é só mais um, não é o.


Tinham voltado a dormir juntos. Tinham voltado a chamar-se com carinho.

Talvez pudesse ser diferente, talvez conseguissem descobrir de novo o olhar de cada um como um reencontro desejado e adiado. Alguma coisa largada algures, não lembravam onde, fora perdida, onde fora deixada. Sentiam esperança que tivesse de facto existido.


Acordou e deixou-se ficar.Tapada, em silêncio, docemente embalada pela falta de vontade. Gostava de poder ficar assim, deste gostinho depressivo mas não deprimente, deste encantamento face a nada.

Sabia que dependia dela que tinha o poder de ficar ou sair. Que podia ficar só assim, que podia sair, que podia voltar, que poderia não voltar e sair ou ficar; que as coisas não tem apenas um lado, nada é finito, nem mesmo a morte. A vida e a morte são apenas dois universos distintos?



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Cansada do sempre igual, do dar sem receber, da estagnação, de viver sem paixão, com este sabor a nada na boca e no peito. Cansada das pessoas. Não as quero sentir, ouvir ou ver. Cansada da vida mas não cansada de viver.

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Era sempre assim ao acordar; aquele peso, aquela desorientação, aquele sonho esquecido. Tempo de olhar sem ver, de viver sem dar.
Era o mesmo de sempre vestido de cores diferentes. Ninguém. Tempo. Sonho.
A constança de sentir apenas a inconstância contida, a impermanência, a solidão. O sabor a nada...

O vazio é absolutamente igual (ao outro). Nada o enche, nada o preenche. Nem o sol nem a chuva, só o amor se existisse...


27503

Sinto um cansaço grande, só mesmo cansaço do cansaço que sinto, sem entrelinhas à mistura; sem saturação ou tristeza. Dormir pouco e sonhar muito e acordar sem vontade de sofrer numa cadeira de dentista. Não fui, deixei em branco a marcação!


“... Primeiro estranha-se, depois entranha-se.” Fernando Pessoa

Era apenas uma peça manhosa do jogo.
Era só outra, a mesma, aquela que sempre fora.
Agora sabia, o tempo avançava impiedoso e as marcas que deixava eram dolorosas mas aprendeu a gostar de se conhecer, de saber quem era.

Hoje, notas de ontem...

O meu cabelo está mesmo uma nojeira, até a D. me confessou baixinho que tinha sido cabeleireira grande parte da sua vida e disse-me para passar em sua casa para o desbaste.

(Vitor Pêra diz que é arriscado, que ela só deve saber fazer cortes soviéticos e eu desceria da categoria danças de salão para matinés dançantes na Ribeira.)

" O Paraíso na Outra Esquina", do M.Vargas Llosa, foi encontrado ao inicio da noite. Estava na caixa do correio, junto com extractos bancários e contas a pagar.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Hoje

Acordei com cabelo de bailarina de danças de salão. Algum Afrovida (manteiga de karité e tutano) depois, bem espalhadinho pelos fios e fiquei com o cabelo semi-domado.

Quase a sair de casa:
- Sabes onde está O Paraíso ?
- Sei lá, deixas livros por todos os lados...

quarta-feira, outubro 19, 2005

As queixas da dona deste corpo

Fui advertida/aconselhada a vacinar-me contra o influenza. Fiquei indecisa menos de vinte e quatro horas. Ontem constipei-me!

Estou cheia de secreções. Os cigarros sabem-me a mato seco queimado. O peito arde-me como se tivesse sido lixado a altas rotações por uma lixa mecânica. As mucosidades atropelam-se umas às outras para se evadirem deste corpinho.

Ataco com oxolamina e aguardo. Não estou febril. É só uma constipação!

Se doer muito tomo uma aspirina!

(O meu patamar de tolerância à dor é baixissímo.)

segunda-feira, outubro 17, 2005

Os desenhos que o céu faz

- A lua está cheia.
- ...
- Gosto tanto da lua assim!
- ...
- Achas que ela está cheia de quê?
- ...
- De luz..., de nada..., de qualquer coisa?
- Não sei, sei lá...
- Mas gostas, ao menos, da lua assim?
- Gosto, pá, claro que gosto! Até estava a pensar o quanto, realmente, gosto da lua assim, cheia...
- Ah!, é que parecia-me que estavas na lua...
- Mas, não seja por isso, lua por lua ao menos que seja a tua!

Se eu cair deixem-me ir

Há dias em que o piso está resvaladiço e preciso de alguém para me segurar em caso de deslize. Há outros em que tudo está aderente e quero caminhar sem medo.

Sou a pessoa mais perto de mim que conheço.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Preparar; partir! (Pisco o olho ao fim-de-semana)

Ouço "Jesus Christ Superstar", a opera rock com a música de Andrew Lloyd Webber e as letras de Tim Rice. Adoro especialmente ouvir o Carl Anderson, o Judas Iscariot.

Quando era miúda fiquei toda lixada por não ir ao cinema com a minha mãe e irmã ver o filme. É que gostava tanto de ouvir a banda sonora! E tinha a mania que era crescida o suficiente para lhes fazer companhia.

Nunca vi o filme no cinema! Vi no velhinho formato VHS à alguns anos, alguns...

Quando a cadeia FNAC se fixou no nosso país foi dos primeiros cd’s que procurei, só para o sentir nas mãos, porque o pouco dinheirito que me sobra vai inteirinho para livros (ultimamente não sobra nada, mas pede-se emprestado e fazem-se listas de pedidos ao pai natal).

Há uns três anos perdi a cabeça mas ganhei um cd duplo: ofereci-o a mim mesma!


Já fiz sofrer tanto o meu cunhado numa viagem à Serra da Estrela, que ele já não me deixa levar cd’s nas viagens partilhadas (reconheço que sou martirizante, ainda por cima trauteio por cima das músicas e faço vozes a imitar as personagens, sou pateticamente infantil!)

Bem, mas isto tudo só para dizer-vos, que sabe bem voltar de vez em quando aquilo que nos soa bem!


Bom fim-de-semana. O meu vai ser quase todo passado no Forum Lisboa, na 6ª Festa do Cinema Francês. Para quem não for pode sempre assistir na 2, neste Sábado às 23h, ao “Vidocq” de Pitof, com o Gerard Depardieu (Oh, mon dieu!).


P.S. O Vitor Pêra ficou triste de não pudermos assistir ao “Anthony Zimmer”, com a Sophie Marceau, suspeito que tem uma fixação por ela! Mas tem bom gosto ela é girissíma!

Estou acordada quase a ir deitar-me

Todos dormem.

A gata Dharma no sofá não foge também ela à habitual soneca crónica obstrutiva de um comportamento mais ou menos normal de gato.

Acho que também ela envelhece e fica sem paciência para esta vida de/em família connosco. Quer é uns bons pés de cama devidamente acondicionados para ela e comidinha águinha fresquinha e uns bons biscoititos e é o paraíso.

É tão fácil ser animal! É só deixar-se cuidar. É só fazer figura de gato ronronar e receber os donos quando regressam a casa dar umas turrinhas e deixar passar a mão pelo pêlo.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Virtudes

O meu nome é Vitória das Virtudes. Só herdei o apelido da minha mãe porque sou filha de pai desconhecido. A minha mãe num arremesso de cogitação levada aos limites pensou ter finalmente chegado ao tão almejado progenitor e a modos que para comemorar me pôs o nome Vitória.

Afinal o senhor Cândido da mercearia nada teve a ver com o assunto. Para mais confirmou-o com um atestado do seu médico de família onde se podia ler preto no branco que o infeliz era estéril.

Não havia volta a dar! Fiquei Vitória porque a minha mãe já se tinha habituado ao nome e acabei por ser registada apenas com Virtudes da parte materna.

A minha progenitora ainda esteve para falar com o senhor Mário, das entregas de bilhas de gás butano, ou com o senhor Artur, do talho onde se abastecia, ou com o senhor Eugénio, vendedor ambulante de fruta, mas acabou por deixar as coisas como estavam porque poderiam ser ou não, o melhor era não arriscar mais.

O marido da minha mãe ficou tão confuso, confundido, como de resto sempre foi, que nem se apercebeu da coisa e dizia a todos que eu era a cara dele! Quando lhe perguntavam “atão a cachopa nã tem o teu ‘pelido?”, dava a resposta de minha mãe: “aqueles burros da inscrição das criaturas nascidas enganaram-se”...

quarta-feira, outubro 12, 2005

Minto tão bem, pois sim?

Estou apaixonada! Conheci um homem e apaixonei-me! Eu não queria mas estas coisas... Depois da minha última paixão tinha-me dito: porra, nunca mais!, mas não sei como... aconteceu de novo! Acham possível viver paixões de caixão à cova? Está bem, devem ser todas assim, mas isto desgasta como o caraças, chego ao fim do dia cheia de dores nas pernas! Já não tenho idade para paixões!

...

E é a pura verdade!

...

Está calado titulo, enervas-me!
Já que me escreves, aguenta-me...
Merda de titulo, se soubesse ainda à pouco o que agora sei...

...

Minto com a verdade para disfarçar a mentira.

...

Estou Apaixonada! Estou radiosa!

segunda-feira, outubro 10, 2005

6ª Festa do Cinema Francês

Bem, vim até aqui.

Bem, apetecia-me estar por cá, só a tocar as letras que formam as palavras, a deixar rastro atrás de mim, mas decidi não escrever nada.

Falar de nada é falar de algo. Pudemos andar a vida toda a falar de nada e falar de algo.

Se é que me faço entender.

Pois, decidi falar de nada. Tentar escrever o nada em cada coisa que acontece. Nada acontece! Daí a temática do nada. Escrever o nada.

Bem me parece que tinha vindo até aqui!

O dia depois do dia de ontem

O Martim Pêra hoje não teve aulas porque a escola dele foi uma das muitas usadas no processo eleitoral de ontem. Pegou no resto dos TPC, duas cópias, caderno, estojo, lápis de cor e lanche e foi com a tia para a escola onde lecciona. Estava entusiasmado porque este ano não conhece a turma e ia todo expectante.

Quando lhe liguei, ao intervalo, preocupada com o famigerado jeito que deu ontem no pescoço, lá andava todo feliz a jogar à bola. Parece-me que se esqueceu da dor em casa. Ainda bem! O pior é se no regresso ela lá está ainda à sua espera...




Ontem fiquei seriamente preocupada com a pobrezita reeleita em Felgueiras. Nas suas declarações após as eleições a infeliz não foi capaz de dizer a cor do saco que consta da sua acusação, que lhe custava dizer a cor. Não é que para além da clara injustiça de que é alvo a desafortunada senhora agora sofre de daltonismo? Estou solidária com a dona Fátima, coitada, que teve de fugir porque estava inocente e no regresso fica sem conseguir diferenciar as cores! Que azar! Venham mais sacos, de qualquer cor desta vez,... E o "piquêno", o Carrilho, claro que o homenzito não podia ter feito qualquer declaração mais cedo: a sede de campanha só tinha moscas, teve que esperar pelos burros, sim, que isto de filosofar para as paredes também não tem assim grande graça, ele quer e merece o seu "publicozinho" (e já agora uma beijoquinha da Bábá, para que se veja!).

Mulher doente Mulher para sempre

Ontem os Pêra foram almoçar com a avó Fáma.

A avó Fáma é uma hipocondríaca deliciosa, com um vasto curriculum de doenças, operações e respectivas anestesias. Conhece quase todos os medicamentos do mercado farmacêutico e alguns que apenas existem em meio hospitalar. É a fã número um do Dolviran, um analgésico que ninguém usa, parece-me bem que só o continuam a fabricar por sua causa. É membro efectivo do clube dos utilizadores ferrenhos do Brufen e Clonix. E para que toma a senhora estes e outros químicos? Ninguém sabe ao certo, habituamo-nos a não valorizar os sintomas de que se queixa e os padecimentos, o pior é que um destes dias poderá ficar seriamente doente que iremos ter dificuldade em acreditar...

Resta dizer que na categoria “puré com bife” fica por um digno terceiro lugar, segundo o paladar apurado do neto Martim Pêra, grande gourmet com o seu inconfundível lema “só gosto do trivial”, (há uns anos tinha o primeiro lugar na categoria “salsichas com esparguete” atribuído pela neta Renata Pêra).

domingo, outubro 09, 2005

Um Domingo húmido e tugido

O Martim Pêra sofreu esta manhã uma luxação no ombro direito, com rigidez do pescoço associada e depois de muito choro, sem baba e apenas algum ranho (deve ser da seca!), resolveu protelar a ida à “alcateia” e ficar estendido no sofá depois das massagens da mãe, do pai, da empregada do café, que o sentou numa cadeira, falou da sua vasta experiência em casos iguais ou parecidos com os netos, coitadinhos, é mimo, eles querem é mimo, dizia a senhora, duas esfregas de Ozonol, dois DVD’S do Tintim, ... E os Robots em DVD de aluguer, que pesarosamente fui buscar ao Clube, que a pobrezinha da criatura viu no cinema e queria sugar devagarinho, na placidez do lar.

De resto passou-se...

Apanhei o Vitor Pêra à janela da cozinha, a fumar um cigarro, vendo a afluência às urnas.
- Muita votaria querido?

sexta-feira, outubro 07, 2005

Os Pêra irão gozar este domingo da melhor forma

Vejam este blogue blogautarquicas.blogs.sapo.pt e notem bem, espelhados nos cartazes da campanha para as autárquicas, esta velha raça lusitana.

No domingo tenho mais que fazer do que eleger alguns inúteis para avacalharem ainda mais a minha freguesia e o meu concelho. Puta-que-os-pariu! Metam os chouriços, os sacos de plástico, a parafernália de merdas inúteis nas mãos de quem quiserem, de mim levam sómente um: não, muito obrigada.

O Vitor Pêra brinca comigo porque a futura presidente da Junta, quase de certeza tendo em conta o eleitorado e o partido que representa, foi minha amiga, até que comecei a namorar o meu primeiro marido, paixão platónica dela (que culpa tinha eu de ser muito mais gira e interessante!). Diz o Pêra, a gozar-me, vota nela, coitada, já viste bem a desilusão amorosa ao que a levou?

Não votarei! Vou levar o Martim Pêra aos escuteiros e aproveitar o silêncio em casa e enfiar-me na caminha com o marido metendo a escrita em dia. Têm sido dias tão cheios que mal chega para saborear com tempo o que de melhor tem a vida! Eu voto no AMOR!

P.S. Sempre ajudo a poupar recursos, uma vez que não usarei o papelito destinado ao voto. Reciclem-no!

sábado, outubro 01, 2005

Esta noite espero por ti

Sei
já o tinhas dito

sabes
Mas esta noite espero por ti

escura
esta noite brilha

o chicote está guardado
o quarto arrumado

quero o amor manso
dormir depois de te amar

esta noite espero por ti

Vai-te deitar

Esta noite espero por ti
Quero o amor manso




Amanhã paro o dia na noite em que esperei por ti!

Mansa a noite em que esperei por ti!