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sábado, julho 29, 2006

"Der Freigeist", Gottfried Helnwein, 1979




Estou no outro, http://www.oser.blogspot.com/ , até às férias...

Deixo o "Manel", até ao meu regresso...

Cansaço. Sobretudo...

Cansaço de frustrados, fodidos e oprimidos...

Aos molhos, como o alecrim...

... meu amor

quem te disse a ti

que a flor do monte

era

o alecrim...

(Um ábado cheio de reticências...)

Adoro-te, Nariz de Ferro!


“Sou eu, o Nariz de Ferro”, disse o homem aboletando-se na poltrona como se fosse fazer uma longa viagem. “Percebo que o senhor está querendo me catalogar, mas não adianta, nem eu mesmo sei se sou branco ou preto, mouro ou judeu, o que aliás não tem a menor importância de uma forma ou de outra. Sou um homem que sabe das coisas, passo os dias no telefone para me informar. Os jornais não dizem nada e a televisão, bah, a televisão é o ópio do povo, como disse Lenine. Telefono para banqueiros, parlamentares, generais, jornalistas, ministros, tiras como Raul, ladies que fuçam no interespaço ocluso, como disse Balzac - ligo para um lado e outro da cortina e no fim do dia já sei para onde o vento vai soprar; aí abro minha vela, estás me entendendo, e vou vendendo minhas especiarias para os ofuscados, e o produto converto em diamantes e selos, uma fortuna que posso transportar na boceta de uma virgem, se precisar fugir de alguma conjuntura; mas esse momento ainda não chegou, a época é de plantar a grana e colhê-la dourada e sumarenta nas vísceras dos ambiciosos, como disse o Mahatma Gandhi. Não cheiro mais, nem vendo o que você está pensando, tem muita gente levando e o vício legal dá mais, que o diga a Souza Cruz. Conheço todos os bacanas do mundo e sei que a bunda deles é mole. Quando era menino via as mulheres passarem desdenhosas nos seus carros, as mãos corruscando de jóias, e almejava ardentemente tê-las segurando o meu pau. Também queria, na mesma época, conhecer o Carlitos, mas ele morreu antes. Morreu, fodeu-se. Nunca tive um ídolo. Pensei numa época em Jesus Cristo, mas ele foi um fracassado, como disse o Cardeal Arcebispo. Estás me entendendo, trafiquei amendoim, graxa de sapatos, chicletes, cano de chumbo, erva, pó, limão roubado da feira, não nessa ordem. Fui dentista da meia-noite. Morei nos bueiros, com os ratos. Já cuspiram, mijaram e cagaram em mim. Ou eu morria ou virava essa maravilha que sou.”

(...)

“Eu me preparei para enfrentar a adversidade. Estou acabando de escrever o Manual dos Frustrados, Fodidos e Oprimidos. Nele descrevo, minuciosa e sistematicamente, os métodos mais sujos e destruidores para se ir à forra de qualquer inimigo, seja ele quem for, forças armadas, companhias de serviços públicos, companhias de cartões de crédito, bancos, a polícia, o proprietário senhorio, a loja comercial, qualquer pessoa ou instituição que tem força e sacaneia os outros. Ensino a técnica adequada para devassar, desmoralizar, arruinar, aniquilar, exterminar indivíduos e organizações odiosas, mostro como atacar saindo das sombras, como atormentar e destruir sem misericórdia. Pela sua cara vejo que não gosta de mim.” (Esse livro, na verdade, nunca foi escrito. Nariz de Ferro gostava de jactar-se não apenas das coisas que havia feito, mas também das que ainda ia fazer.)


"A Grande Arte"
Rubem Fonseca

quarta-feira, julho 26, 2006


" Neste mundo, viajantes, volentes ou involventes, entre nada e nada ou entre tudo e tudo, somos somente passageiros, que não devem dar demasiado vulto aos percalços do percurso, às contundências da trajectória. "

"Livro do desassossego", Bernardo Soares


Espapaçada de esfalfamento espero as férias enquanto retempero forças no blogue da T., http://por-um-fio-invisivel.blogspot.com/.

Para quem já goza: boas férias!

terça-feira, julho 25, 2006

Boneco feito e vestido by Martim Pêra

Fotografia de Benjamim.


" Não permitais à língua ultrapassar o pensamento."

Anton Pavlovich Tchekhov
Russia[1860-1904]

segunda-feira, julho 24, 2006

Non troppo

Estivera sentada algumas horas numa mesa de cervejaria chunga a convencer uns amigos das virtudes da psicoterapia... Ela sabia não estar no contexto, mas dava-lhe um gozo... um gozo... até pôs o mais forte dos rijos burgessos a chorar ou quase: que um homem não chora: homem que é homem, mesmo quando chora, finge que não! O outro; o inteligente mas non troppo; calou, ouviu, contestou, mas não esqueceu: ao chegar aos lençóis há-de repensar e ver que sim: “talvez a gaja tenha razão, talvez valha a pena gastar dinheiro!”, o problema deste era o dinheiro que se possa gastar em orientação...........................................................
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ou desorientação...

...mental...





Ando uma puta-duma-preguiçosa-convicta. Por isso foi buscar ao arquivo gigabaite esta treta. Além do SPM, voltou a necessidade compulsiva de férias... Quem me conhece sabe que não fui feita para trabalhar. Eu é mais bolas de berlim com creme, da Paleta! E o belo bacalhau espiritual da avó Fernanda. E os ovos escalfados com ervilhas, da avó Fáma. Ah! E as iscas da avó Cristina! E o peixe grelhado do Vitor Pêra!! Porra, até parece que não jantei... E Pintiais místicas com entremoços.

Fartei-me de rir, hoje à tarde, com a minha amiga Alexandra. A tipa está de férias há dois dias e parece que está há três meses! O que as férias fazem a uma gaja... Os meus amigos têm um poder mágico: fazem-me rir e chorar e era capaz de dar sangue ou um rim ou qualquer orgão, em duplicado, por eles. E preciso dizer que tenho horror a hospitais, porque passei a minha infância, toda partida, lá e cá...

Afinal escrevi duas ou três linhas... Com as calorias de tanta comida ganhei balanço...




Pi ésse: O Benjamim é fotógrafo, não é o cão... Irritam-me certos cu men tários, de gente que entra aqui para ver a bola e não sabe o nome das equipas!


Outro Pi ésse (Este é muito mais importante que o anterior) : Para quem gosta de " O livro do desassossego ", de Bernardo Soares, não deixem de passar no blogue da T. http://por-um-fio-invisivel.blogspot.com/.

domingo, julho 23, 2006

Carlos Martins Pereira

João Cutileiro

Vamos dizer adeus ao mingo: adeus mingo!, até para a semana...

sexta-feira, julho 21, 2006



Fotografia de Benjamim.

Fotografia de Benjamim.


Fotografia de Benjamim.

Martim Moniz, 1946


"Rabiscada"

HP, datada


Se conduzir, não beba. Se não conduzir, beba.

Fotografia de Benjamim.


Pode subir ou descer. Calcar bem o degrau.

Fotografia de Benjamim


Para as feridas.

Fotografia de Benjamim.


Às vezes, muitas, sabe tão bem olhar o céu!

Fotografia de Benjamim.


Fotografia de Benjamim.

Sem palavras de Helena Pêra.


" Remoinhos, redemoinhos na futilidade da vida", Bernardo Soares (Não resisti!).

Fotografia de Benjamim.

Todos os direitos são reservados e os esquerdos também.

(Tentativa de brincadeira, triste. Por acaso, só por por acaso, dizia, até prezo muito os direitos de autor point)

quarta-feira, julho 19, 2006

terça-feira, julho 18, 2006

Apa pepe tepe ceupeu mepe.

Su Mana Mané, Arquivo Fotográfico da família.


Bairro Alto, não sei de quem é. Minha não é!


O pormenor das gaiolas de grilos: psiuuuuu, silêncio...


Helena Pêra, 1999



Esta é a Dharma, a nossa filha mais nova. Gosta de dormir e comer. E de receber-nos, à porta, mal entramos em casa. Apetecia-me era que ela estivesse, agora, à minha espera: era sinal que ia direitinha para a "palha", estou toda "podre"!, cansada e a suspirar por umas horas de sono... Não consigo dizer mais nada... Calo-me... e levanto-me já de seguida senão adormeço sentada...

Um beijinho para a A. e a Bluesy e... onde é que eu estou! Quem é que eu sou? Acordei, estou a-c-o-r-d-a-d-a... vou publicar isto... já!

sábado, julho 15, 2006






Sobre o Poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo.
Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveisdo nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
— a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

— Embaixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

— E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Hélder

sexta-feira, julho 14, 2006



"As impressões"

"Uma das principais causas da minha escassa sociabilidade é o mecanismo psicológico das primeiras impressões. A coisa está estudada pelos estudiosos que estudam estas coisas: nuns escassos minutos (às vezes segundos), transmitimos toda a espécie de mensagens sobre quem somos e como somos, mensagens muitas vezes baseadas em generalizações e clichés, mas tidas por definitivas pela pessoa que instintivamente nos analisa. O nosso aspecto físico, o que trazemos vestido, a postura e os gestos, os temas e a linguagem, o tom de voz e sua colocação, os lapsos e os actos falhados. Somos apresentados a alguém e em dez minutos assinámos a nossa sentença social. Geralmente uma sentença de condenação. Claro que com um convívio mais intenso beneficiamos muitas vezes de uma reavaliação. Mas eu não costumo ter direito a segundas impressões."

Pedro Mexia, estadocivil.blogspot.com, 13/7/2006

Estou podre! Deixo as palavras e fotografia de outros. Uma imagem do baú e o desejo de bom fim-de-semana. O meu vai ser cheio de meita, que é a luz que a lua deita...

quarta-feira, julho 12, 2006

Deixa-me tocar à campainha




Interiorizo vivências
ecos equidistantes
subtis
Esquivamente
falam
efémeros pensamentos
adversos
O quotidiano desacreditado
As sanções, trechos e simulações

É urgente intervir
impreterívelmente
nem que seja inusitadamente

Deixa-me tocar à campainha

Ó ser anódino
sem convicção
ser ambíguo
na tarimba
O que receias?

Peremptóriamente nego o estereotipo
o preconceito
o dissipado
o descabido

Abro-te o cárcere
tiro-te da reclusão
Peço absolvição por ti

Não te quero aí
enclausurado atrás da porta

Deixa-me tocar à campainha




Choninha 1998


Sinto-me como cantava o Jorge Palma; claustrofóbica em mim... Estes dias quentes vividos no meio da poluição citadina são insuportáveis! Quero respirar e mal consigo! Maluca da camada de ozono! Depois refugiamo-nos em casa, ligamos o ar condicionado e acabamos por contribuir ainda mais para a dita cuja.
Que fazer, quando das férias ainda nem se sente o cheiro? Tive uma semana de férias em Junho e choveu quase todos os dias, digam lá que não sou uma tipa com sorte! A minha Su Mana Mané está a fazer uns quartos na casa nova, na Assenta, e pelo andar dos trabalhos, talvez em Setembro, que foi quando eu te conheci, como cantava o Vitor Espadinha, os Pêra e os Chichorro já possam usufruir daquele microclima...
Ainda por cima este calor atrofia de tal maneira as conexões neuronais que só escrevo palha, que é apanágio de quem tem falha, como tão bem rima o meu amigo Bólice!

No fim de Agosto meto-me num avião e vou para uma ilha com os Pêra. Até lá, vai um dia de cada vez... Até já.

segunda-feira, julho 10, 2006

Esquissos, 1997 de Helena Pêra








Afinal o Martim Pêra não quer postar, está para aqui anestesiado de sono, a olhar para a televisão, cerejas com adoçante intercaladas com a BelaFlor.

Na sexta-feira fomos ao teatro ver "Meninos da mamã". Aconselho vivamente! Ri tanto; até doerem as bochechas. O João Ricardo arranjou-nos os bilhetes. "Somos tão póbrinhos!".

São dois irmãos, o Francisco e o Jaleca, que estão ansiosos pela morte da mãe, uma senhora entrevada com 102 anos, para usufruirem da herança.

O João Ricardo é fantástico. Finalmente começa a ter alguma visibilidade por participar em novelas. No teatro, seja drama ou comédia, é divinal. De quarta a domingo, no Teatro Armando Cortez.



Os Pêra já têm nétinha na sua alegre casinha! At last! Não que não se possa viver sem ela, mas assim já pudemos postar as nossas postinhas quando apeteça. Já de seguida posta o Martim Pêra, que está podre ou seja cheio de sono mas não quer deixar de dizer também de sua lavra. Até já.