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Foram ver a exposição da Frida Khalo, no Centro Cultural de Belém. Acabaram na Travessa de Santo António, junto à Rua da Junqueira onde Maria vivia desde que o marido morrera estupidamente num acidente de viação, haviam sete anos. Maria adorava aquela tasca obscura, onde almoçava sempre. “O ninho dos Pardais”. O dono era um velhote do Minho, casado com uma galega com um rabo enorme que lhe tinha dado cinco belas filhas. A Clara, a mais velha acabou por ficar à frente do negócio, atraindo nova clientela que procuravam aquela casa pelos petiscos e pelo bom vinho verde, fornecido pelo tio Alfredo que continuava em Caminha.
Comeram uns carapaus, grelhados na rua, com carvão e poluição. Pediram molho à espanhola e tingiram as batatas cozidas com ele. Estavam ligeiramente ébrias da amizade e do jarro de verde, bem fresco.
Saíram da tasca de braço dado, a rir. Acabaram frente ao Tejo a fumar com prazer um cigarro e a olhar o deslizar do rio. Tinham sempre tanto que conversar. Eram amigas desde a escola primária. Acabaram mulheres, sem nunca se perderem uma à outra. Passavam tempo sem se ver, meses longos por vezes, um dia uma pegava no telefone e ligava a outra atendia e parecia ter sido ontem a ultima vez que se falaram.
Agora estavam de novo ali, as duas amigas. Invariavelmente acabavam por combinar uma qualquer exposição no CCB, porque a Maria tinha o atelier em casa e sempre muito trabalho. Roubavam tempo ao trabalho para com prazer se entregarem aquele dia só delas.
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Sem tempo Stop Desculpem o copy paste Stop O texto vem directamente do arquivo dos perdidos Stop Alimentado e desorganizado por Helena Pêra Stop A frase do titulo é de Mia Couto Stop Volto em breve Stop