. . .

. . .

segunda-feira, junho 25, 2007

Sexta-feira, Junho 24, 2005
A Choninha chegou, Dona Rosa!
A Choninha passou a formato vitual.

Segunda-feira, Junho 25, 2007
A Choninha partiu, Dona Rosa!
A Choninha passou a formato apenas real.

sexta-feira, junho 15, 2007



- Eu?

- Sim.

- Bem. E tu?

- Também.

- Vais indo?

- Menos mal.

- É sempre assim?

- Quase. Nem sempre mas também.

- Há dias melhores que outros?

- Sim. E dias piores.

- O que fica?

- Um sorriso partilhado, um abraço sentido, a chuva a secar no corpo e roupa, o sol a acariciar a pele...

- Momentos?

- Uns melhores que outros.

- Sim...

terça-feira, junho 05, 2007




Não me olhes assim...
Assim?
Sim. Assim...
Como, assim?
Sim! Assim.


Sonhei com imagens de uma cidade distante banhada pelo mar.


Não me olhes assim. Assim... Com os teus olhos. Esse olhar que gosto. Esses reflexos de ti.
Não me olhes assim...

sexta-feira, junho 01, 2007

Fotografia Martim Pêra com três anos


A todas as crianças e aos que mantêm alma de criança desejo um óptimo dia. O Martim Pêra foi escolhido pela "Endemol" para participar hoje num concurso televisivo, em representação do seu grupo de escoteiros, vai ser um dia inesquecível para ele, que quis ir desde o primeiro minuto. Força miúdo, meu gigante de ferro, dá cabo do estúdio e da paciência dos produtores, que é para isso que os adultos à séria servem :)

terça-feira, maio 22, 2007


sexta-feira, maio 18, 2007

Parabéns Martim Pêra!
















Os dias passam, passam os meses, os anos.
O nosso lobito faz hoje nove anos.

terça-feira, maio 15, 2007

A Alma é Exterior



" A alma, ao contrário do que tu supões, a alma é exterior: envolve e impregna o corpo como um fluido envolve a matéria. Em certos homens a alma chega a ser visível, a atmosfera que os rodeia tomar cor. Há seres cuja alma é uma contínua exalação: arrastam-na como um cometa ao oiro esparralhado da cauda - imensa, dorida, frenética. Há-os cuja alma é de uma sensibilidade extrema: sentem em si todo o universo. Daí também simpatias e antipatias súbitas quando duas almas se tocam, mesmo antes da matéria comunicar. O amor não é senão a impregnação desses fluidos, formando uma só alma, como o ódio é a repulsão dessa névoa sensível. Assim é que o homem faz parte da estrela e a estrela de Deus. "


Raul Brandão, in "Húmus"

segunda-feira, maio 07, 2007

Feliz como uma criança!

" Oh! A idade venturosa da infância! Onde há outra mais feliz e mais tranquila, mais sorridente - isto é, mais egoísta?... Em volta de nós podem suceder as piores catástrofes. Se elas nos não arrancam nem os brinquedos nem os bolos, não nos atingem de forma alguma... não as compreendemos sequer... Quando muito, correm-nos lágrimas vendo chorar as nossas mães. No entanto, é só ainda vagamente que percebemos a dor humana. Por isso as nossas lágrimas secam depressa diante dos brinquedos. E se o quadro em que nos agitamos é risonho, a infância tansforma-se-nos então num jardim maravilhoso. Para as crianças felizes, só para elas, existe realmente um céu - o ceú dos seus primeiros anos."
Mário de Sá-Carneiro, in "O Incesto"
Fotografia de Martim Pêra, na Praia da Foz, Assenta, no sábado: Adoro-te Gigante de Ferro!

sexta-feira, maio 04, 2007

Ficção



acto ou efeito de fingir;
criação da imaginação;
invenção fabulosa;
coisa imaginária;
fantasia;
dissimulação;
artifício.

quarta-feira, maio 02, 2007

Sonho



Vagueei em ti
Soltou-se o rio
Limpei-me
Fiz uma estrela no teu céu
Se quiseres apaga
O teu cheiro
O nosso cheiro
Apaguei
O cinzento
A cinza
A vida deve ser a vermelho ou a preto
Contrastes
A sandália
O transparente do visível
Errei
Ponto final, parágrafo


[espaço]

Voltaremos, a ser quem fomos? Voltarás onde já não estou? Procurar-te-ei nos dias que quero só meus?

Interrogação. Ponto final, mesmo.
Amei-te a cores. Despeço-me a preto&branco...

segunda-feira, abril 30, 2007

Restauradores

Fotografia de Benjamim M.S.F. Silva


Quem vê, o quê, e, quantos vê?
Cinco cadeiras, dois PSP, um homem, quantos dedos e jornais?
A vida são actos isolados, matemática ou retória?
Saídas?
Avenida da Liberdade ou Bairro Alto. Duas opções.
Quas' iguais... Muito diferentes!
Uma, poluída e antro de desagregados.
Outra, expressão de credos bebidos ao molho...
Que dirá o homem dos jornais gratuitos às "autoridades"?
Quem saberá o caminho a escolher?
Quem terá os melhores sapatos ou botas?
Avenida da Liberdade!
Bairro Alto!
Ficamos pela fotografia, do Benjamim, e pela escolha... Sem manifestações de opinião da blogger!
Comentários: fechados.
Contactos: acessíveis.

sexta-feira, abril 27, 2007

Fotografia de Benjamim M.S.F. Silva



Gosto de gaivotas! Têm umas asas que permitem voar ou não. Não gosto de pássaros. Mas as gaivotas são o patamar para outra espécie, acho, só que com penas, formas, e asas de passáro.

Quem não gostaria de voar? Sentir as nuvens fofas. Estar mais próximo do Sol, num céu com cromáticos que mudam, cada instante... Como tudo! Como tu. Como eu. Todos nós...

A nossa vida é um som breve numa tecla premida ao acaso. Um rasar. Já vi quase tudo acontecer. Enquanto o quase não sair da frase quero continuar.

Há histórias que acabam. Que não se concertam. Mal começam!

quinta-feira, abril 26, 2007

Formas

Fotografia de Benjamim M.S.F. Silva


- Gosto do azul.
- Gosto do encarnado.
- Gosto de moderar...
- Gosto de atacar.
- Tu quê?
- Branco...
- Preto.
(...)
- Coração.
- Cabeça!
- Tronco.
- Membros!
(...)
- Quê?
(...)
- Rosa...
- Amarelo.
(...)
- Forma.
- Cor!
(...)
- Não te entendo...
- Gostava de saber como és!
... podemos continuar a nossa conversa inócua ou passar da cor, do corpo, do tempo e forma aquilo que nos apraz.
... podemos continuar com a pontuação, as palavras, o dito-o-por-dizer, o sentido-calado... podemos... mas cansa!
(...)
Viver num esfumado, num calado trocado entre olhos que não se fadigam...
(...)
... que dizemos que faça sentido, que calamos que tenha de o ser?
(...)
Entre o aqui e o ali só a distância de um sopro, de uma veleidaide...
E ali e aqui, só nós e o vácuo.
Simples.
Como o azul e o encarnado.
Como o branco e o preto.
(...)
Nós.
Eu.
Tu.
(...)
Gostava de saber como és quando não estás perto de mim.

quarta-feira, abril 18, 2007





Diego, Diego, Diego...

A anulação,
o amor?
...
Obsessão?



Continuo a amar as cores de Frida Khalo, a sentir as dores da ferida, a amar demais...


segunda-feira, abril 16, 2007




Mude
Mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama.
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais, leia outros livros,
Viva outros romances!
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias. Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado, outra marca de sabonete, outro creme dental.
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas.
Troque de carro.
Compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
Arrume um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Edson Marques.
Fotografias de Martim e Helena Pêra, num domingo de praia, ontem, seguido de piquenique.

quarta-feira, abril 11, 2007



Chegou o dia. Não que o esperasses mas veio sem ser convidado. A menina azul fez-lhe companhia e não saem daqui enquanto EU permitir que estejam. O dia. A menina azul. Tenho uma arma, um argumento para lhes dizer adeus. O tempo que guardo dentro de mim. A lucidez que me faz ser como sou. Sinto-me em permanente mudança, e, não quero o que não quero, quero apenas o que quero. Olho o mar e vejo-o calmo. Também vou sentindo essa acalmia... Agarro-me com toda a força a quem amo. A família. Os amigos. A menina azul sente-se indesejada e até anda meio sem força e desejosa de partir. Já viu que por aqui não tem muito espaço. O dia pediu-me esse tempo, que foi crescendo nestes anos, cá, num recanto meu, e pede-me para ser usado de uma outra forma. Eu. Eu. Eu. Sempre EU neste turbilhão, nesta intensidade de sentimentos e emoções. Eu. Eu acabei por escutar esse dia. Eu. Eu não permito que a menina azul fique. Eu. Eu. Eu.

sexta-feira, abril 06, 2007

Escrita automática

Estava, com os óculos para presbitas postos, com as botas a apanhar este sol pascoal, e, de repente, comecei a pensar nas telhas que faltavam e a contar as botas... Haviam duas que saiam do meu campo de visão... Mas afinal, está tudo certo! As minhas, as dela, as nossas... O telhado é que continua a necessitar de uma ou outra telha... E o musgo que vai crescendo... Quando for natal não me posso esquecer. Substituo as telhas e raspo o musgo para o presépio. Mas ela está doente. Muito. Chegará ao próximo natal? Sei lá onde fica Jesus, José ou Maria! E o musgo? Será musgo ou palha onde se deita o menino? Os bebés não se deitam em camas de musgo! Mas de palha, sinceramente... Ando todo baralhado! Tenho telhas que precisam de ser trocadas. E o musgo, será reutilizável?, agora fala-se tanto em reciclar, usar o velho para fazer novo... Houvesse alguém que nos reciclasse! Deixava de passar os dias a engraxar os nossos botins e a olhar o horizonte. Lá longe o Tejo. Cá dentro ela está doente. Falo-lhe nas tonalidades do rio, e parece ouvir. Só não lhe digo que os filhos deixaram de aparecer e telefonar. Ela não iria entender...

terça-feira, abril 03, 2007

Gosto de ti MC, muito...

O teu primeiro sobrinho, quando aprendeste a amar gatos.


O clima muda e o frio o calor são apenas evidências. Ora fora ora dentro d'época. A Lua continua com as suas várias fases. A terra em rotação à volta do sol. Os chineses, civilização milenar, cada vez mais prácticos e activos: como formigas, enquanto nós somos umas cigarras, que vamos assobiando e logo se vê, ou na tia, ou no primo, ou nos amigos, ainda há quem trabalhe para comer no Inverno e nós subimos e sentamo-nos.


E porquê esta conversa-escrita?


Porque apetece-me escrever coisas assim: Queres baba de camelo, mousse de manga ou... "Sabes que adoro chocolate! Nasci noutro continente e vim desterrado para este. Faz o que quiseres, querida, filha, desde que não tenha manga."


Gosto tanto de ti que fico aflita quando te negas à minha baba. Más novas? Não quero, e o que não quero tem força,... E quando tu me chamas filha lembro-me de ser jovem e ser tratada como tua filha, um pai que amo como se meu fosse, que fez feliz a minha Su Mana Mané e nos deu a mais linda e melhor menina que conheço! Bem hajas!


Sou a ovelha que paira sobre o rebanho e controla o dono, o cão e os pares. Sou quem não te diz o que sinto quando te vejo cansado, a lutar, só concedo a luta com vitórias, tornei-me num género de mãe do teu afilhado: os gritos são uníssonos!


A LUTAR! A VENCER! SEMPRE PRONTOS!

segunda-feira, abril 02, 2007

O aniversário dos Pêra



Helena e Vitor Pêra



Com a Helena e o Mário a apreciar a banda, lol



Granda som!



Com a minha querida Ana. Gosto de ti gaja!



O Beijo!

O sábado começou bem cedo porque o Martim Pêra tinha uma actividade com os escoteiros. Lá foram para Alcobaça, explorar umas grutas.
Depois o Vitor Pêra foi dar sangue, numa acção organizada pelos escoteiros e pelo Instituto de Sangue.
Almoçamos e lá fomos para o Parque das Nações. Eu tinha um encontro com umas meninas da blogoesfera e o Vitor foi com o Vitor, o marido da Ana (podem ver em fotografias em postes abaixo) até à FIL.
Fomos dizer um até breve a uma caralinda que está de partida para Angola, para ir ter com o marido que está lá a trabalhar. O tempo voou.
Depois fomos com o Vitor e a Ana, amigos recentes, mas parecemos conhecer-nos à séculos, jantar a casa deles. Foi tudo bom. A companhia. A conversa. O jantar.
De seguida fomos para "O Tambor que fala", bar do nosso amigo Bólice.
Juntou-se a nós a Helena e o Mário e divertimo-nos muito. Há meia-noite, dia 1 de Abril, parece mentira, mas era o nosso aniversário de casamento. Doze anos! Adoro-te, Pêra. Chegamos a casa quase às cinco da manhã e continua-mos a comemoração :)

domingo, abril 01, 2007

Traz tabaco e cerveja, a tristeza já temos!


... vou para a esquerda segues para a direita caminho ficas parado olho o céu olhas para o chão quero encarnado queres verde sonho com alternativas à realidade tu dormes...
... acordas cedo vais e fico a despedir-me do sonho e a interrogar-me se o dia nasceu que horas serão quantos minutos me restam...
... fujo do resto que ficou do sonho da cama do calor do nosso cheiro do teu dormir acabado...
... estamos no fim ou recomeçamos?
Dia 1 de Abril, dia das mentiras meu querido, parabéns!

quarta-feira, março 28, 2007

Imagem de Arnaldo Antunes



" (...) repensar a existência individual, por vezes ancorada num cais de comodismo e de aconchego a pequenas e medíocres vitórias."


Li isto, algures, num catálogo de pintura, e ontem à noite andava enrolada como fios em novelos, cogitando sobre a vida. Naquela que temos. Ando cheia de vontade de me forçar a deixar de ser preguiçosa, a investir em mim, no meu valor, seja ele qual for... Enfrentar os projectos adiados e leva-los até ao fim, mesmo que não resultem, pelo menos posso dizer que me empenhei.


E fico-me por aqui, não quero que isto se torne demasiado pessoal, fica o registo para que não esqueça. "Grandes resultados requerem grandes ambições", já dizia Heraclito. Ainda estou em muito bom tempo de ambicionar outros resultados.

terça-feira, março 27, 2007












Exposição de Chiotte Tavares, na sede da SPO, Campo Pequeno, 2-13º andar
Até Maio. Quem quiser aconselho vivamente a visitar, quem quiser comprar que vá rapidinho porque estão quase todos vendidos.
Na primeira fotografia, casal Pêra com A. e V., amigos recentes.
Na segunda fotografia, Helena Pêra com duas das suas melhores amigas A. e H.



quarta-feira, março 21, 2007









ÚLTIMO TESÃO

Alombo contigo há uma porção de anos
e vou-te dizer és um chato
não tens ponta de paciência
para a vida nem para ti próprio

já te ouvi discursos a mandar vir
já te carreguei às costas
bêbedo como um Baco de aldeia
mijando as ceroulas
és um adolescente retardado
faltou-te sempre a quadra do bom senso

vez por outra um livrinho
de versos vez por outra nada
qualquer um do teu tempo
está bastante melhor do que tu
deputado administrador de empresa
ministro da maioria
puta (alguns chegaram a isso)

só tu meu inocente brincas com a neta
açulas o cão pedindo
à família que te ature
o tipo um dia destes morde-te
que é para aprenderes

mas aqui entre amigos
vou-te dizer também
uma coisa importante não cedas
à tentação de mudar
fica nesta pele que é tua

como é que tu escrevias
merdalhem-se uns aos outros

o país mete dó

guarda o último tesão
para mandares
meia dúzia de canalhas à tabua

Lisboa
5/6/9-VII-95





Fernando Assis Pacheco, Respiração Assistida, posfácio de Manuel Gusmão, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003

segunda-feira, março 19, 2007



"Torna-te quem tu és",

Friedrich Wilhelm Nietzsche


"Que é o infinito?
Por que te preocupas tanto?
Volta para dentro de ti mesmo!
Mas, se lá dentro de ti mesmo
Não te apraz achar
O infinito do ser e do sentir,
É humanamente impossível
Ajudar-te."


Goethe

(Gnosei Seauton = Conhece-te a ti próprio.)

Hoje acordei assim a roubar palavras a outros para encontrar as palavras que procuro. Dentro de mim? Fora de mim? Procuro o esquecido.O encontrado. Embrulhado em papel, para rasgar, para reciclar, para com novas formas criar outras.

quinta-feira, março 15, 2007



Hoje fica só esta imagem de um projecto vídeo de José Budha, "A eterna confirmação do retorno", e a caixa de comentários aberta mas sujeita à aprovação, como sempre. Ficam perguntas. Precisam-se respostas.

terça-feira, março 13, 2007



Me fiz gente se é que sou * naquela casa de porta azul que o tempo foi tornando menos azul... Lembro-me do esforço supremo, em bicos de pés, para tentar sem resultado tocar à campainha. Depois o esforço desapareceu e bastava esticar um dos braços para alcança-la e como gostava daquele som, familiar, protector, e do grito ouvido longínquo Já vai! e da espera com a impaciência de jovem, sem tempo a perder, com a cabeça cheia de vidas e mundos ainda por conhecer. O avô foi o primeiro a partir, inventei um teste, que teria que estudar muito e não fui ao seu funeral. Fechei a porta e fiquei no seu quarto a despedir-me do seu cheiro, a acariciar a sua roupa, o seu chapéu. Depois a avó, começou a ficar esquecida e confusa. Falava com as personagens das telenovelas. Achava estranho morrerem e renasceram logo de seguida numa outra série de televisão. Vestia-se, penteava as longas cãs, fazia uma longa trança e prendia-a enroladinha na cabeça. Os seus olhos azuis já não brilhavam. Estavam foscos. As mãos pequeninas continuavam agéis. Mas a avó já vivia numa realidade feita de pedaços de um passado rico mas já todo enterrado. A tia levou a avó e fechou a casa azul. A nossa casa. A casa que fazia de nós a família que foramos. A avó morreu. Não fui ao seu funeral. Fiquei sozinha com a dor e um bebé que era para a sua bisavó o seu filho Vasquinho, que morreu bebé. Hoje quando visito a casa choro por todos, pelas crianças que cresceram e correram mundo, pelos adultos que continuam as suas vidas e pelos que partiram e deixaram fechar a casa.

* Me fiz gente se é que sou, Agostinho da silva

sexta-feira, março 09, 2007

Tudo o que demora só pode ser melhor!


A sombra e a luz faz de nós o que somos
Caminhando a dois ou a quatro membros
Não quero falar
Mas apetece dizer-te
Aquilo que sabes
Podes ir e voltar
Cada pedaço de ti faz parte de mim
Não quero
Mas não posso negar
Não vou falar
Dizer o que me dói
Contento-me com pedacinhos
Sou básica
A dois ou a quatro membros
Tento pensar puro
e
os filhos-da-puta
dos sonhos invadem
e
a verdade que nego aparece
secretamente
em signos
e
penso de quem é isto...
Meu?
Nosso?
Não pode!
Tenho a realidade organizada, formatada,
impostos em dia,
frustrações actualizadas,
oprimida e bem fodida...
Então o que é este vazio
que me faz falta
quando se instala o silêncio?
Não falo mais.
Não me importo.
Na primeira ou na segunda pessoa...
Só tu me podes devolver!

quinta-feira, março 08, 2007



Todas as vida têm uma sequência. Esta fotografia é do carnaval. Depois virá a da Páscoa. A seguir as do Verão e, de repente, começam a cair de novo as folhas recém-nascidas, das árvores, e será Outono. Já? Afinal, o natal está próximo! Corridas ao consumismo.

"Faz-se árvore de natal, este ano? É melhor,... coitada da criança... "

Todos fomos crianças e temos memórias quer não se apagam com papéis rasgados e ilusões.

Esta fotografia é do carnaval. A Choninha mascarou-se para os Pêra.

terça-feira, março 06, 2007

Díptico de Choninha, colecção particular, publicado com permissão de S.A.A.




" (...) e representamos muito bem os nossos papéis: apenas bons amigos, um homem e uma mulher. O que seria amar? Não era difícil gostar de pessoas, assim como era fácil não gostar. Querer que alguém fosse feliz, vivesse sem sofrer, seria amar? Ou para amar era necessário desejar, ter tesão, aprofundar o querer bem no querer toda? "
in "Prisioneiro do Círculo", Ricardo Gontijo, Civilização Brasileira, 1981
Ouvindo Domingos António e sentindo-me, finalmente inquietamente-serena, que é o meu estado natural :)
Duvidar é viver, a insatisfação provoca a procura e na procura encontra-se sempre algo, nem que seja o ponto de partida/regresso... Envelhecer não me faz confusão, o que me dói é crescer. Continuo a amar. A desejar. A viver apaixonada... Sem nunca desacreditar na felicidade baseada na virtude e no sermos fiéis a nós-mesmos.

sexta-feira, março 02, 2007

A rua do gato negro.

" Não diga paixão, disse-me Hélia, diga fixação, que é mais cientifíco. "
Vergílio Ferreira


Há um átrio do Metropolitano onde, invariavelmente, vejo um pombo. Daqueles pombos lisboetas, que vivem de miolo de pão e outras migalhas, da água da chuva ou de fontes que ainda vertem. O que torna peculiar aquele pombo é que está sempre na estação do Marquês de Pombal, naqueles seus passinhos incertos de pombo, e sinto a sua falta se não o encontro. Fico com sorriso de tonta, a vê-lo desnorteado mas feliz, parece-me!, e, penso, que, se fosse um pombo tudo seria mais fácil e breve.
Depois há a rua do gato preto.
Adoro gatos, tenho um fascínio por estes felinos. Tive um gato preto, bebé, que a minha amiga Tânia me ofereceu, quando trabalhava numa loja de animais. Ninguém o queria porque era preto, toda a ninhada foi comprada e ele ia ficando. Trouxe-o para casa e baptizei-o: Zappa. Desapareceu há muito tempo da minha vida, não o pus fora de casa, ele é que fez as malas e foi à sua vida. Que os animais têm vida!, e os gatos, embora domesticáveis, têm genes selvagens ancestrais que os tornam independentes.
Na rua do gato preto, as pessoas fogem com medo de cruzamentos, evitam o pobre animal. Quando o vejo faço-lhe o meu assobio "chama gatos" e lá vem, com o rabo erguido, todo feliz, pêlo luzidio, todo gingão. Conversamos, cada qual com a sua linguagem e deixa passar-lhe a mão pelo pêlo, ronrona e depois seguimos cada qual para a sua vida. A minha, de pessoa que chama-ama-e-conversa-com gatos e dele de animal evitado-que-recusa-animais-grandes-de-que-não-gosta...
O que deixará maior marca, a paixão ou a fixação? Ou falamos do mesmo, usando palavras diferentes?

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Desejo-te
















[Esta música é dedicada ao Joni-be-good-tonight-até à-exaustão, at last, I find it!]

O resto é realidade-ficcionada...

Tenho-me usado da pior forma possível, vagueio entre desejos e sonhos e ando sem coragem de te falar. Deveria. Dar-me-te. Até puderias dizer aquilo que espero; não gosto de mim quando me calo e fico assim, a fingir que sou eu. Tu sabes que não. Demasiada serenidade para um interior em ebulição, um fingimento que não combina com este desejo que me consome.



Quem puderemos ser quando não somos fiéis ao que sentimos? Porque escondemos o olhar quando pensamos que pode falar por nós? Abominamos a mentira e vivemos nela quando a verdade fica resguardada, trancada, em nós. E pior que resguardar, será trancar? Esquecer? Fingir? Puderiamos falar, mas o teu olhar faz-me mal, perco-me nele e deixo de ser. Tenho medo. De ti. De nós. De mim. Principalmente de mim, que já nem sei quem sou nem como sou. É possível ter medo de amar? É possível consumir o desejo e continuar a viver nesta semi-acalmia-desassossegada? Responde-me... Já só tenho perguntas...

domingo, fevereiro 25, 2007

Se te sentes feliz porque é que isso parece errado como se fosse proibido sentir
como se fosse proibido deitar-nos na relva
olhar o céu
as nuvens que deslizam
os minutos a passear devagarinho
o sol
o prazer de nada mexer
nem no tempo nem na vida nem naquele sentir
Se te sentes feliz
sentes como se não o devesses sentir
como se fosse algo não-permitido uma coisa difícil de aceitar
Como se mais ninguém conseguisse ver aquele céu as nuvens passantes com formas de pensamentos. O sol que te faz companhia
que sentes
que te toca a pele
acaricia o cabelo
Sentes-te nele
acaricias a relva e tudo se repete
e é só assim que queres ficar.
Se te sentes feliz deixa-te ser.