Em crescendo desde o natal assolapou-me uma azia existencial caracterizada por várias dúvidas metafísicas. Comecei a questionar mais afincadamente que raio fazia emaranhada nas malhas da blogosfera. Os actos de postar, de ler e comentar, de receber comentários tornaram-se para mim quase uma forma de despersonalização. Ou seja, aquela realidade virtual, a blogoesfera, estava a invadir e a ocupar o espaço da minha vida, o meu espaço. Em 2003 quando se começou a falar de uma coisa nova chamada blogoesfera e tomei contacto com os blogues fiquei assombrada. Quem, como eu, gostava de ler e escrever teria assim a oportunidade de divulgar o seu trabalho. Simples e acessível era o veículo ideal para a divulgação da escrita. Mas, à medida que ia conhecendo vários blogues pensava: f……, tantas pessoas a escrever bem!. Como não tinha banda larga o processo de criar um blogue acabou por deixar de me entusiasmar. Passei a ler alguns blogues periodicamente. Ia à Internet abria os que queria e lia offline (somos tão póbrinhos! – como diz o Martim Pêra, quando se escandaliza com a nossa pobreza franciscana). Até que a banda larga assentou praça lá para o sítio do chefe índio. O nosso tio, o tio de todos nós, tinha criado o Faztudo e ajudou o chefe índio a criar escritaepinturas. O chefe lançou o desafio. O chefe conhece bem a Choninha. Conhecem-se de outras guerras. Já ganharam e perderam muitas batalhas, juntos. A Choninha voltou a colocar a questão a Vítor Pêra, passados dois anos: O que é que achas? E os direitos de autor? Mas há tanta gente a escrever bem! Terei mesmo alguma coisa de novo a dizer? Será a minha voz importante? À parte estas e outras dúvidas a coisa não foi assim tão pensada. Fui buscar escritos à gaveta, misturei uma ou outra actualidade e preocupação e revelei os Pêra, uma realidade ficcionada. Ou uma ficção tornada realidade? Deixei latejar livremente a minha veia ficcional. No natal deveria ter gozado umas férias. À medida que crescemos ou envelhecemos (sinto-me a crescer e não a envelhecer!) o natal pode ser a bomba que despoleta as neuroses esquecidas. Já não acreditamos no pai natal. No homem fundamentalmente bom. Abominamos o consumismo e a hipocrisia. As dores tornam-se mais pesadas, insuportáveis, atingindo um peso que nos derrota. No natal deveria ter gozado férias! Agora sei. Acabei por usar o blogue duma forma que jamais me passaria pela cabeça. Anda uma tipa a tentar ficcionar a própria vida para depois fraquejar no primeiro natal! Estou prontinha da silva para outra etapa. Voltar a ter o blogue que sempre foi: escritos da gaveta e do momento, os Pêra, actualidades e preocupações, extractos de livros que vou lendo, etcaetera. Aceitei o meu estatuto de frustrada, fodida e oprimida e quero partilha-lo convosco, se o quiserem! |
"Eu me preparei para enfrentar a adversidade. Estou acabando de escrever o Manual dos Frustrados, Fodidos e Oprimidos. Nele descrevo, minuciosa e sistematicamente, os métodos mais sujos e destruidores para se ir à forra de qualquer inimigo, seja ele quem for, forças armadas, companhias de serviços públicos, companhias de cartões de crédito, bancos, a polícia, o proprietário senhorio, a loja comercial, qualquer pessoa ou instituição que tem força e sacaneia os outros (...)"
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quarta-feira, fevereiro 08, 2006
A culpa é (quase) toda do natal...
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4 comentários:
Comparte con nosotros, conmigo, todas estas disquisiciones y manifiéstate. Tienes gran predicamento y además lo avala la frescura. Un beso amiga.
boa! um texto que eu gostaria de ter escrito.
beijo
...teteteteee tteeee... é sempre a mesma coisa... BLOGA para aí e acho que sim, deves blogar, e mais... já devias mesmo era ter escrito um livrito desses de'FECTIONES. Quais gaveta, mete tudo cá para fora e quem quiser que leia, quem não quiser leia merdas da sua terra, mas POR FAVOR... CAGA nesta cena dos comentários sempre INGUAIS e BECINHOS e TI TI TISS. FECHA DE VEZ estes comentários e diz as coisas, NÃO respondas CUARAÇAS...quem 'tem'visa
TEU AMIGO É
PEDROPÓLICE e OLÈ... ópá!!!txatice...
... é claro como água!
... toca a arrear postas de pescada cá p'ra fora! oh minha!
xi-corações do titio
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