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sábado, setembro 16, 2006






«Dormia tudo como se o universo fosse um erro; e o vento, flutuando incerto, era uma bandeira sem forma desfraldada... Esfarrapava-se coisa nenhuma no ar alto e forte, e os caixilhos das janelas sacudiam os vidros para que a extremidade se ouvisse. No fundo de tudo, a noite era o túmulo de Deus (a alma sofria com pena de Deus).

E, de repente - nova ordem das coisas universais agia sobre a cidade -, o vento assobiava no intervalo do vento, e havia uma noção dormida de muitas agitações na altura. Depois a noite fachava-se como um alçapão, e um grande sossego fazia vontade de ter estado a dormir.»

(Livro do Desassossego: Composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa / Fernando Pessoa)


no blogue da T., http://por-um-fio-invisivel.blogspot.com/