"É impossível caminhar por uma avenida, conversar com um amigo, entrar em um edifício, relaxar sob os arcos de arenito de uma velha arcada, sem ver um instrumento de medição do tempo. O tempo é visível em todos os lugares. Torres de relógio, relógios de pulso, sinos de igrejas dividem os anos em meses, os meses em dias, os dias em horas, as horas em segundos, cada incremento de tempo marchando atrás de outro em perfeita sucessão. E, além de qualquer relógio específico, uma vasta plataforma de tempo, que se estende por todo o universo, estabelece a lei do tempo igualmente para todos. Neste mundo, um segundo é um segundo. O tempo avança com exuberante regularidade, com exactamente a mesma velocidade em todos os cantos do espaço. O tempo é soberano infinito. O tempo é absoluto."
"Eu me preparei para enfrentar a adversidade. Estou acabando de escrever o Manual dos Frustrados, Fodidos e Oprimidos. Nele descrevo, minuciosa e sistematicamente, os métodos mais sujos e destruidores para se ir à forra de qualquer inimigo, seja ele quem for, forças armadas, companhias de serviços públicos, companhias de cartões de crédito, bancos, a polícia, o proprietário senhorio, a loja comercial, qualquer pessoa ou instituição que tem força e sacaneia os outros (...)"
. . .
quarta-feira, janeiro 31, 2007
Post com dedicatória
"É impossível caminhar por uma avenida, conversar com um amigo, entrar em um edifício, relaxar sob os arcos de arenito de uma velha arcada, sem ver um instrumento de medição do tempo. O tempo é visível em todos os lugares. Torres de relógio, relógios de pulso, sinos de igrejas dividem os anos em meses, os meses em dias, os dias em horas, as horas em segundos, cada incremento de tempo marchando atrás de outro em perfeita sucessão. E, além de qualquer relógio específico, uma vasta plataforma de tempo, que se estende por todo o universo, estabelece a lei do tempo igualmente para todos. Neste mundo, um segundo é um segundo. O tempo avança com exuberante regularidade, com exactamente a mesma velocidade em todos os cantos do espaço. O tempo é soberano infinito. O tempo é absoluto."
domingo, janeiro 28, 2007
Os convivas do costume e alguns novos
sábado, janeiro 27, 2007
O bem-disposto Jo e a simpatiquíssima Dad
O Zé Roque, a ler as suas poesias
O Firmino, a ler Herberto Helder
Dad e Augusto, o querido organizador do convivio
As fotografias foram tiradas pela Sonhadora, http://asonhadoradaslinhas.blogspot.com/, e são são quase todas de convivas que estavam junto a nós. Outras fotografias podem ser vistas em http://www.os-convivas-do-costume.blogspot.com/, onde também estão os links dos bloguistas presentes. Bem haja Augusto, http://klepsidra.blogspot.com/ , pela magnífica noite.
Até ao próximo encontro.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Aberto. Abro os comentários e repenso o que faço quase (QUASE, atenção!) sem pensar. Resolvi algumas e outras coisas deixo para ir resolvendo. Amo muito. Não devia ser tão intensa. A nossa vida é só menos que um ponto final. Invisível. Nesta gigantesca roda. Que gira e não pára. Que vai soltando uns para entrarem outros. Quem não pedala não existe, nÉ pÉ, fecha o Ser, que, mais nada foi que um prolongamento, e, fica o "Manelito". A Grande Arte, essa deixo para quem sabe da foda, perdão!, da poda.
Continuo a amar o Rubem Fonseca e o resto não se explica. Sente-se.
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Fiama Hasse Pais Brandão
sábado, janeiro 13, 2007
Isto é uma despedida: bye, bye, Manuel!
Sabem aquela letra da Calcanhotto?:
Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo a competência
Eu não ligo para etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
Eu compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Eu não gosto de bons modos
Não gosto
Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem…
É um género senha de entrada e saída, temos de saber entrar e saber sair. Deixo a chave. Fiquem com ela. Podem entrar e sair. Basta rodar a fechadura. O Manuel extinguiu-se a si mesmo, foi-se fechando, e, agora nem que viesse o bom do Rubem, ah e tal, Chonas, o meu Manual,... Pois!, diria, vai oprimir outro! Basta-me a puta da realidade para me frustrar!, foda-se!
«Pouco importa o tempo ou o lugar (...). Eu estou convosco e sei como é a vida.»
Walt Whitman
e
acabamos
como começamos:
" Eu me preparei para enfrentar a adversidade. Estou acabando de escrever o Manual dos Frustados, Fodidos e Oprimidos. Nele descrevo, minuciosa e sistematicamente, os métodos mais sujos e destruidores para se ir à forra de qualquer inimigo, seja ele quem for, forças armadas, companhias de serviços públicos, companhias de cartões de crédito, bancos, a polícia, o proprietário senhorio, a loja comercial, qualquer pessoa ou instituição que tem força e sacaneia os outros. Ensino a técnica adequada para devassar, desmoralizar, arruinar, aniquilar, exterminar indivíduos e organizações odiosas, mostro como atacar saindo das sombras, como atormentar e destruir sem misericordia. Pela sua cara vejo que não gosta de mim. (Esse livro, na verdade, nunca foi escrito. Nariz de Ferro gostava de jactar-se não apenas das coisas que havia feito, mas também das que ainda ia fazer.) "
Rubem Fonseca, A grande arte, 1983
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Ou isto ou aquilo
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Cecília Meireles
Este poema era o meu favorito quando era criança, da idade do meu filho. Gostava tanto dele que acabei por o guardar dentro de mim. Há dias reencontrei-o, arrumadinho numa gaveta do subconsciente e exclamei: há tanto tempo que não pegava em ti!, sacudi, deixei-o um pouco a apanhar ar e decidi carregá-lo comigo. Fazia-me falta e não sabia!
terça-feira, janeiro 09, 2007
Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem. Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto?