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quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Outro dia mais



E é de novo Arta-feira. E está frio. Os operários especializados em destruição e reconstrução hoje não apareceram e pude dormir demanhã sossegadamente. A Dharma anda arredada do universo familiar, lá metida com as coisas dela. Deve ser do mês. Há-de ser falta de gato. Os nossos vizinhos têm um gato lindíssimo mas o Vitor Pêra não é apologista de cambalhotas felinas. Que não, que não pudemos ter outros gatos, ainda por cima agora com o Tony Boy para tratar. Eu fico triste por a pobre Dharma não conhecer outros prazeres na sua vida mas que posso fazer, lá em casa usa-se a democracia e não a autocracia como tantas vezes me dava jeito. Tivemos uma gata que apareceu na garagem do Chefe Indio e levamos para casa. Era uma siamesa cega de um olho, estava um bocado maltratada e começou a engordar vertiginosamente. Estava grávida! Um dia ao regressarmos a casa tivemos uma surpresa. A Maria tinha parido durante o dia e tinhamos dois gatinhos na nossa cama. Um nasceu morto e o outro foi rejeitado por ela. Tentei em vão aproxima-los. Alimentei-o com leite de vaca diluido em água. No outro dia também aquele gatinho morreu. Tive uma tristeza tão grande. Custou-me tanto a indiferença dela para aquele montinho de pêlo. Agora compreendo. Ele não nasceu bem e por isso ela rejeitou-o. Sabe-se lá o que a pobre Maria passou até chegar a nossa casa. Depois engravidei. A Maria adorava a minha barriga. Passava as noites em cima dela com muito cuidado, fazendo-se leve. Quando o Martim veio da maternidade ficava a olhar-nos e adorava o bebé. Infelizmente a Maria cansou-se da rotina familiar e apeteceu-lhe outra vida. Um dia ao chegarmos a casa ela não estava. Desesperados percorremos arredores, falamos com a porteira e outras pessoas, mas a Maria não voltou. São gatos malucos que vibram no décimo andar com os pássaros e voam para os tentar agarrar. Aconteceu com três antes da Dharma: a Maria, o Nelson e o Zappa. O Zappa estava numa loja de animais e ninguém o comprava. Era preto. Também voou em direcção ao seu destino. A nossa Dharma é o oposto destes gatos voadores que passaram pela nossa vida. Se pego nela para lhe mostrar a rua fica logo com palpitações, o coração dela bate desenfreadamente. É uma mariquinhas. Pede comida a miar e depois vai para o seu sítio à espera do desejo concretizado. Dá turrinhas. Despede-se de nós e recebe-nos quando voltamos. Emagrece horrorosamente nas nossas férias e não sai do quarto do Martim até ao regresso. Anda de volta de mim enquanto preparo a bagagem, a choramingar...

Faz-me uma certa confusão como há gente a comprar animais quando tantos querem uma casa e não têm. Conheço pessoas que gastam dinheiro em certas raças para depois mostrarem status, não porque os amem verdadeiramente. Chega ao mês de Agosto e nas ruas começam a ver-se animais abandonados. Apetece desejar o mesmo a quem faz tal coisa. Os meus gatos vieram sempre da rua ou de amigos que têm ninhadas. Em criança, no meu bairro, cada vez que aparecia um gato iam-me tocar à porta porque sabiam que eu ficava com eles, impondo a minha vontade à mãe. Infelizmente quando ia de férias (as minhas colónias de férias! Que saudades de não ter responsabilidades!) tinha umas surpresas no regresso, com mentiras piedosas à mistura. E a mãe acabava por ceder de novo, na próxima vez, quando apareciam à minha porta com outro gato.

Ah! Na nossa familia também temos o nosso Óscar, um cão maluco, ansioso e com uma hérnia discal que tem a idade do Martim e cresceu com ele. O lobito chama-lhe primo.

5 comentários:

BÓLICE disse...

O Nelson Caroglan! Èpá esse gato era panilas!!!

BÓLICE disse...

... e os dedinis coloritiuns num tênhem joanusburgos... muinto bênhem!

isabel mendes ferreira disse...

obrigado obrigado obrigado


obrigado obrigado


beijo


bjo.



abracinho...a tocar à porta.

Unknown disse...

nã..prefiro coelho....

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Chonina. Me encanta esa facilidad para transmitir situaciones y emociones.

Que Dios te bendiga amiga.
Besos.