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terça-feira, dezembro 13, 2005

A carta

Detesto cartas. Escrever cartas. Também não gosto especialmente de as receber.
Mas há uma carta que gostaria de ter escrito. Uma carta para a minha irmã. Uma carta que nunca escrevi, que apenas escrevi mil trezentas e setenta e duas vezes na minha cabeça.

Mas às vezes só mesmo uma carta para dizer o que se tem de dizer. Uma carta tem de ser lida. Deve ser lida. Tem remetente. Tem destinatário. A carta é um veículo para a mensagem. O canal que liga ou desliga.

Não gosto de cartas.

Vou passar a mensagem neste poste, espero que leias, ó parola:

Mana, não gosto de ti assim, sem jeitos de ti, a fugir e a negar. Su Mana Mané, quero-te de volta. Sempre foste a minha mãe. Foste forçada a sê-lo pelo peso da diferença das nossas idades e pelas ausências da mãe. Eras sempre tu. Também tinhas de tomar conta da mãe, porque ela só te tinha a ti. Não teve mãe, o avô Bernardo era um sacana, que a fez fugir para a cidade, quase criança, ficou viúva muito cedo e teve que estudar e trabalhar para nós. Ainda tiveste durante algum tempo o pai, eu não me lembro dele. Mas deve ter sido muito complicado perder um pai no inicio da adolescência...
Não posso deixar de dizer-te o quanto és importante na minha vida. E tu sabes como a mudei com a tua ajuda. A vontade foi minha, o empurrão foi teu. Olha o teu sobrinho. Já tem sete anos! O tempo passa tão rápido. Quando somos crianças o nosso tempo é diferente. Agora somos as duas adultas, mulheres, mães, amantes. A vida é um presente por abrir. Está um sol magnifico, outonal, está um frio fodido: agasalha-te bem! Adoro-te. Muito.

Apetece-me chorar, foda-se! Estou com SPM e toda lixada da vida...