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sexta-feira, janeiro 20, 2006

Dedicado a todas as mulheres


Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado



Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935.

2 comentários:

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Precioso texto Chonina. Es verdad, la tristeza, como los perros de "mil leches" no tienen pedigree. Pero a algunas tristezas le sobra dignidad.

Suerte en las elecciones del domingo. Que gane el mejor... Para el pueblo, claro.

Dinamene disse...

Venho retribuir vários cumprimentos e beijos.
Muito obrigado pelas suas leituras.