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sábado, agosto 27, 2005

Ao Cão que acompanha o caminhar

Caminhava absorvendo tudo cada pedra cada árvore cada som cor cada atalho alguns pedaços de céu.

No fundo também assim era a vida vários caminhos várias viagens várias corridas chegadas e partidas.

Aspirava a fragrância daqueles pinheiros na quietude da tarde cálida e apetecia-lhe ficar para sempre naquele instante.

Ao seu lado só o cão tivera coragem para desafiar o bafo estival e indeferir a sesta para acompanhá-la.

Lembrava nostálgica o som de crianças a brincar por ali. Agora eram só casas abandonadas outras já só sólidas pedras de granito ao sabor do tempo paredes caídas que lhe sussurravam memórias adormecidas dentro de si.

Arquivos de tempos que foram ontem. Partículas de gerúndios esquecidos. Estava contente de hoje ali caminhar consciente da viagem em preparação para a partida depois da chegada.

Caminhava com o cão ao seu lado atrasando-se por vezes correndo atrás de uma borboleta ou ficando para trás para brincar com um saltarico ou ladrando para algo inaudível a qualquer outro ser.

Só o cão dissera um sim incorpóreo ao apelo do passeio.

Caminhava ao seu lado atrasando-se apenas na contemplação de coisas lá da raça dele lá de cão.

Cauteloso parava quando era para parar e caminhava quando era para o fazer fazendo também seu o outro caminhar.

1 comentário:

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

He caminado yo también, junto al perro, mirando el abandono, la ausencia, mirando esas casas de piedra. He disfrutado contigo en ese paseo placentero y bucólico.

La imaginación, a veces, es muy buena compañera. Un beso.