. . .

. . .

sábado, julho 15, 2006






Sobre o Poema
Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo.
Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveisdo nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
— a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.

— Embaixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

— E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
Herberto Hélder

5 comentários:

naturalissima disse...

Uma excelente reflexão sobre o que é o nosso mundo violento e cruel acompanhado de imagens fantasticas, onde sentimos beleza, vibrações de prisões e injustiças, mas algo paradoxo dentro delas como um despertar para a liberdade...

Um beijinho
Daniela

Sea disse...

Onde é que Vôxelência andou na noite de sábado dia 15/07/06?!??!??!

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Chonina. Maravilloso poema el que nos dejas. Las fotografías son soberbias.

La poesía nos viene del viento y del paisaje, de la brisa y de la bruma. Todo ello nos sugiere poesía. Como la que hoy te dedico en mi post de Ondas para que respires ese aire puro que necesitas. Un beso amiga.

BÓLICE disse...

Olha que também não andou na noite de seg. 17 para 18! Mas que de manhã o céu tinha caído na nossa cabeça, tinha porra. P'ró cararaças, pÁ...

intÉ, caneco...

Benjamim disse...

:-(