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terça-feira, julho 04, 2006



" Não é tédio o que se sente. Não é mágoa o que se sente. É uma vontade de dormir com outra personalidade, de esquecer com melhoria de vencimento. Não se sente nada, a não ser um automatismo cá em baixo, a fazer umas pernas que nos pertencem levar a bater no chão, na marcha involuntária, uns pés que se sentem dentro dos sapatos. Nem isto se sente talvez. À roda dos olhos e como dedos nos ouvidos há um aperto de dentro da cabeça. Parece uma constipação na alma."

in "Livro do desassossego", Bernardo Soares

Há dias assim, de desassossego em que só apetece ficar quieto, manso, a curar uma ferida reaberta pelo tempo. Depois passa como veio, repentinamente, e fica só o que verdadeiramente interessa. Estes pés que nos movem e estas mãos que se mexem. E lá fora o mundo, para devorar... Haja fome!

4 comentários:

Aragana disse...

Tu nao me fales em fome!
lol

Beijinhos!

Concha Pelayo/ AICA (de la Asociación Internacional de Críticos de Arte) disse...

Chonina. Hay días mansos, bravos, devoradores, desganados, avariciosos...de todo hay -¡ay...!-
en la viña del Señor.

Yo estoy así también. Un beso amiga mía.

Sea disse...

Haja fome. Nem mais.

Luis Carlos disse...

Olá choninha,

Acho que o Fernando Pessoa, no dia que escreveu este texto estava de ressaca de uma valente bebedeira.

Como diziam os romanos, IN VINO VERITAS.

O que ele escreve é verdade, passa por mim estes sentires.

Até já,
Luís Carlos