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quarta-feira, julho 27, 2005

A compulsão

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Quando Bárbara chegou aos trinta e cinco quilos a equipa multidisciplinar, que a acompanhava desde o inicio da doença, falou de novo com os pais e explicou-lhes que a solução era o internamento compulsivo, fortalecido pelos dois psiquiatras, ou já não puderiam responsabilizar-se mais pela recuperação da filha.

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Bárbara era a filha de seus pais e aquela que sempre teve tudo, até a natureza do seu lado. No entanto havia qualquer coisa errada que a fazia recusar-se a ser, quase de um dia para o outro, de mansinho, a mesma, ela.

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O Dr. Pessegueiro desde o início falou em doença crónica. Tentou explicar-lhes que Bárbara tinha um problema emocional em lidar com os sentimentos, ou assim, linguagem não entendível a leigos, em que os sintomas silenciosos acabavam traduzíveis em adições várias, todas elas difíceis de resolver.

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Subiu no elevador e disfarçou o olhar no espaço disponível, sem gente. Como é que eles tinham tido coragem de lhe fazer isto!
Ainda havia em Bárbara um resto de resistência, mas ela sabia que tinham razão. Bárbara também estava cansada de psicoterapias, consultas, pesagens, lágrimas, pequenas vitórias destruídas no dia seguinte...

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